quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A SALVAÇÃO SEGUNDO HITLER - PARTE III

FAVOR NÃO ALIMENTAR OS MONSTROS


Os ocultistas nazistas, em meados do século XX, panfletaram acerca de mitos aterrorizantes sobre raças alienígenas, naves interplanetárias e invasores de outros mundos. Era a velha máxima das “transformações drásticas” que alimentam as ditaduras e plasmam um sem-número de pseudo-teorias morais, religiosas, culturais, científicas, arrastando multidões de crentes desavisados, que se agarram a seitas exóticas, que descambam, quando tão somente no ridículo de tais idéias, em tragédias coletivas. Como no caso do reverendo Moon, que acreditava ter recebido uma revelação mística vinda do próprio Jesus, na qual o Mestre Nazareno o incitava a retomar a missão que ele, Jesus, não pôde concluir por causa de sua crucificação. Assim, Moon se proclamou Senhor do Segundo Advento, Salvador e Messias.

É bom lembrar que outro auto-proclamado “salvador”, o pastor Jim Jones, levou 900 pessoas ao suicídio coletivo em 1978. O erro destas pessoas, além de atentarem contra a própria vida, foi atentar contra o bom senso. Promessas de “salvação instantânea”, reformas imediatas do planeta, resgate moral da humanidade em tempo recorde, são artifícios repetidamente utilizados por “falsos profetas”, sobre os quais Jesus já nos havia alertado há 2000 anos. Mesmo assim, apesar de toda a tecnologia no mundo, ainda há quem acredite em religiões que mais parecem ter saído dos filmes de ficção-científica classe “Z”. Uma delas afirma que há 75 milhões de anos, vários planetas se reuniram numa "confederação das galáxias", governada por um líder do mal. Como os planetas estavam com problemas de superpopulação, o tal líder mandou bilhões de seus habitantes para Terra, onde foram mortos com bombas de hidrogênio. Seus espíritos foram reunidos em cachos (como uvas), são os seres humanos. Convenhamos, George Lucas foi muito mais criativo na série “Guerra nas Estrelas”, a ponto de surgir o Jediísmo, movimento religioso não-teísta baseado nas idéias filosóficas e espirituais dos cavaleiros Jedi, os ‘mocinhos’ da saga. Em 2001, um censo no Reino Unido revelou que 390 mil pessoas declararam sua religião como sendo "Jedi", a quarta maior da Grã-Bretanha, atrás do Cristianismo, Islamismo e Hinduísmo. No mesmo ano também se declararam "Jedi" 70 mil pessoas na Austrália, 53 mil na Nova Zelândia e 20 mil no Canadá.

Usar alienígenas é um apelo psicológico de grande magnitude. Somado à teorias conspiratórias, então, fomenta ainda mais o imaginário dos místicos de plantão, sem contar o aspecto comercial de tal embuste. Nesta esteira, surgem teorias salvacionistas como a das “crianças indigo”, um conceito que, ainda hoje, confunde as opiniões de espíritas por toda parte e ainda há quem jure que tal absurdo consta da Codificação, citando uma passagem d’A Gênese, de Kardec. Mas quase ninguém comenta que tal teoria é baseada nas ‘comunicações’ de um extraterrestre chamado Kyron e que, em 2012 haverá uma migração espacial levando as tais crianças para outra galáxia, há 12 bilhões de anos-luz da Terra. Não por acaso, já existe uma avalanche de filmes-catástrofes sobre o fim do mundo em 2012. Travestir todas estas teorias com um caráter religioso, aumenta a credibilidade.

“O Führer é profundamente religioso”, atestava Goebbels em seu diário no dia 28 de dezembro de 1939. E concluía: “Embora profundamente anticristão”. Hitler via a cristandade como um protótipo do bolchevismo: “a mobilização pelo judaísmo das massas escravas com o objetivo de minar a sociedade”. Por isso, todos os artifícios empregados para alimentar os monstros que habitam a fraqueza humana foram utilizados para provar a supremacia da raça ariana. Hitler e seus acólitos se preocupavam até mesmo com a transmigração e a reencarnação da alma, tentando descobrir a preexistência da raça ariana à frente das demais. Na tentativa de demonstrar esta suposta superioridade, o nazismo patrocinou não só o holocausto de milhões de vidas, como também experimentações biológicas aplicadas aos prisioneiros com o intuito de exterminar os genes transmissores de origem semita. “Crianças indigo” ou qualquer outro sinal de raça “super-humana”, não passa de fábula extravagante a qual as pessoas, as organizações sociais e religiosas, precisam estar atentas para refutar prontamente pelo bom senso.

O ocidente foi obrigado a aceitar por séculos os dogmas irracionais da Igreja. O materialismo atual foi para o extremo oposto, propondo a crença na descrença. Há muita gente precisando crer em alguma coisa, e não sabe em quê. É justamente de olho nessa multidão que surgem essas seitas. No meio Espírita, por exemplo, sempre surgem vozes falando em ‘atualização’ e ‘revisão’ das obras básicas da Codificação ou, ainda, criação de movimentos paralelos e a aceitação de idéias pseudo-doutrinárias, apoiadas por figuras destacadas do movimento que, muitas vezes, não percebem – ou não querem perceber – que servem de instrumento das sombras, alimentando os monstros que às vezes se nutrem ora da boa fé, ora da ignorância, mas que sempre devoram quem os alimentou, afinal.

O Espiritismo afasta o sobrenatural da cultura humana explicando os fenômenos espirituais pela ciência. Propõe uma fé raciocinada, cuja conseqüência é a própria moral do Cristo. Futuramente, quando a fraternidade unir todos os povos do planeta, os desvarios do século 20 - manchado pela ignorância materialista - serão considerados pelo seu real valor: o de meras ilusões de um pesadelo.


Autores: Paulo Henrique de Figueiredo e George De Marco
Ilustração: George De Marco
Arte-Final: Fred Aguiar & Silva


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