sábado, 12 de dezembro de 2009

BULLYNG: O LADO NEGRO DE CADA UM DE NÓS




Um menino afável e tão inteligente que surpreende os adultos que chegam em sua miserável cidade-natal. Por reconhecer nele uma inteligência superior, a mãe concorda que tais adultos levem seu filho para um lugar mais evoluído, onde ele terá suas capacidades desenvolvidas e melhor aproveitadas.
Mas algo dá errado, e o garoto, já um jovem, se desorienta e se entrega aos sentimentos mais negativos, tornando-se o maior vilão da história... do cinema.
Apesar de entregar minha idade, sou fã confesso da saga Guerra nas Estrelas, e de seu vilão, Darth Vader. Vejo naquela figura imponente, com suas vestes negras (claro, que outra cor alimenta o protótipo do mal?) e sua voz poderosa, o dualismo que habita a todos nós, moradores desta esfera chamada Terra e que aqui estamos para, justamente, trabalhar este lado negro que nos leva a atitudes nada louváveis - desde agredir alguém só por que ele não torce por nosso time, até ignorar o porteiro do prédio, por achá-lo de categoria “inferior” à nossa.


Diante de um mundo onde o mal parece sair vitorioso a cada esquina, onde as pessoas desonradas parecem (reparem, eu uso “parecem”) se dar muito bem, enquanto as íntegras só se prejudicam, fica fácil dar ouvidos ao “lado negro” e extravasar nossa violência de forma direta ou indireta. Um exemplo muito atual disso é conhecido como bullyng, termo inglês utilizado para descrever atos de violência física (direta) ou psicológica (indireta), intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully ou valentão) ou grupo de indivíduos (bullies) para intimidar ou agredir um grupo/pessoa incapaz de se defender. Apesar de acontecer com mais freqüência em escolas, o bullyng pode se manifestar em qualquer contexto onde humanos interajam: trabalho, política, religião, vizinhança e até mesmo em família.
Por mais estapafúrdio que possa parecer, alguns incautos (ou espertinhos) viram neste comportamento agressivo um “novo conceito de sobrevivência”, e apresentaram a absurda teoria das ‘crianças indigo’. Para validar tamanha insensatez, alguns desavisados (ou mais espertinhos) se basearam no item 27, capítulo XVIII, d’A Gênese de Allan Kardec, intitulado “A geração nova”, onde o Codificador fala do período de transição da Terra cujos habitantes irão modificar suas disposições morais. Ou seja, uma geração com o sentimento inato do bem, capaz de resolver conflitos, ao invés de incitá-los. Uma geração movida pela paciência, tolerância e solidariedade. E não pela violência, agressividade ou prepotência. Espíritos que praticam o mal pelo mal, “serão excluídos porque, senão, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão e constituiriam obstáculo ao progresso. Irão expiar o endurecimento de seus corações, uns em mundos inferiores, outros em raças terrestres ainda atrasadas (...). Substitui-los-ão Espíritos melhores, que farão reinem em seu seio a justiça, a paz e a fraternidade”.


Para Kardec, estamos assistindo a partida desta geração “perdida” e a chegada da nova, tornando-se fácil distinguirmos uma da outra, pela “natureza das disposições morais, porém, sobretudo das disposições intuitivas e inatas”. Em nenhum momento, portanto, o Espiritismo valida o comportamento temperamental explosivo, seja de um índigo, seja de um bully, seja do Darth Vader.
“Entretanto”, diz Kardec no capítulo III, “o mal existe e tem uma causa”.  E fulmina no item 6: “os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo. Aí a causa das guerras e das calamidades, das dissensões, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, da maior parte, afinal, das enfermidades”. Um dos maiores especialistas mundiais no estudo da civilidade, o italiano Piero Massimo Forni, professor da Universidade Johns Hopkins, afirmou recentemente em seu livro  “Escolhendo Civilidade: 25 regras de conduta atenciosa", que “se melhorarmos a capacidade de nos relacionar, teremos menos brigas, menos stress e, conseqüentemente, menos pessoas doentes”. Bingo!
Sempre contemporâneo, apesar seus mais de 150 anos de vida e de ser constantemente exposto a conceitos absurdos por ‘bullies falsos profetas’, o Espiritismo continua sendo um ótimo guia de boa convivência, por seguir sem afetação os ensinamentos Daquele que, um dia, afirmou que os brandos são bem-aventurados, pois possuirão a Terra. Ou seja, a justiça será feita, o fraco e o pacífico já não serão explorados, nem esmagados pelo forte e pelo violento quando, de acordo com a lei do progresso e a promessa de Jesus, a Terra se tornar mundo ditoso, por efeito do afastamento dos maus.

Um comentário:

Ricardo Alves da Silva disse...

Parabéns pelo texto, George!

É extremamente feliz quando o autor concilia conteúdo doutrinário, questões cotidianas e temas de interesse pessoal (no seu caso, o cinema e mais especificamente o bom e velho Anakin Skywalker e a saga Guerra nas Estrelas).

Fica evidente para o leitor o prazer de tratar da Doutrina Espíria e de se comunicar com este mesmo leitor.

Grande Abraço!