sexta-feira, 9 de maio de 2008

CONHECE-TE A TI MESMO

Pessoas tendo que conviver num ambiente psicologicamente desfavorável, expondo suas vidas, suas defeitos, suas qualidades para outras pessoas - que, por sua vez, acompanham tudo como se conhecessem cada um dos demais. E torcem contra ou a favor. Envolvem-se com os dramas de cada um. Vibram com as conquistas, sofrem com as derrocadas...

Não, não é o Big Brother. É a sua vida. A vida da sua família, do seu vizinho, de todos nós. Cuja síntese pode estar num programa de Tv, que reflete o comportamento humano diante das mais variadas situações. Tal comportamento irá variar de acordo com a bagagem emocional-moral-espiritual de cada um. Ou em algo que costumamos chamar simplesmente de: Personalidade.

Personalidade deriva do latim - persona - que significava máscara, ou seja, aquilo que queremos parecer aos outros. Na psicologia a personalidade é uma organização dos vários sistemas físicos, fisiológicos, psíquicos e morais que se interligam, determinando o modo como o indivíduo se ajusta ao ambiente em que vive: vai se fazendo ao longo do tempo, desde o nascimento até a idade adulta, porém, devido à interação com o meio em que vivemos e à intenção inata de nos comportarmos como os outros desejariam que fôssemos, esse desenvolvimento poderá não levar a pessoa à auto-realização. John Locke, filósofo inglês, escreveu, no século 17, a teoria da tabula rasa. De acordo com essa teoria, somos qual folha em branco que vai sendo preenchida durante nossa existência. Ou seja, todos os homens nascem iguais. É, também, o que nos ensina o Espiritismo: somos todos criados simples e ignorantes. Durante muitas décadas, o debate sobre o tema, na comunidade científica, dividiu-se entre os que apostavam na natureza como raiz de nossa personalidade (nature); do outro, os que acreditavam no ambiente como definidor da mesma (nurture). Hoje, essas vertentes estão unidas em torno dos estudos sobre o comportamento humano. Mais uma vez, as conclusões da ciência chegam bem próximo de tudo aquilo que já conhecemos ao estudar a Doutrina Espírita...

A genética, por exemplo, favorece determinados tipos de personalidade, mas não determina nosso comportamento. Uma criança, desde bebê, é uma síntese da teoria da tabula rasa. Conforme interage com os adultos, esta criança irá se moldar ao mundo onde nasceu. Seus pais serão a maior fonte de influência, mas, mesmo esta, é imprevisível. É o que encontramos também em O Livro dos Espíritos, Questão 208 (“O Espírito dos pais tem influência sobre o do filho após o nascimento? R.: Há uma influência muito grande. Como já dissemos, os Espíritos devem contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais têm como missão desenvolver o de seus filhos pela educação”). Mas descartando qualquer similaridade moral (questão 207 “(...) uma vez que têm almas ou Espíritos diferentes. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito. Entre os descendentes das raças há apenas consangüinidade”). Para a ciência, as amizades influenciam muito mais. Não é à toa que, na questão 766, a vida social nos é apresentada como uma “obrigação natural”. E completa Kardec, em nota: “Nenhum homem possui todos os conhecimentos. Pelas relações sociais é que se completam uns aos outros para assegurar seu bem estar e progredir: é por isso que, tendo necessidade uns dos outros, são feitos para viver em sociedade e não isolados”.

As pesquisas também tentam explicar por que os irmãos de sangue são tão diferentes entre si, mesmo quando gêmeos. Para a ciência, baseada na Teoria dos Nichos, cada criança procura desempenhar papel diferente do de seu irmão. Assim, um se destaca como esportista, outro pode se destacar como filósofo. Porém, sabemos que os espíritos têm sua individualidade e, mesmo encarnando como gêmeos, a semelhança de seu caráter se dará tão somente pela similaridade de sentimentos – bons ou maus. Mas a ciência confirma: podemos mudar nosso jeito de ser. Ou seja, podemos evoluir moralmente. As transformações ideológicas e conceituais sobre a vida, não se fazem da noite para o dia. Pelo contrário, vão se instalando pouco a pouco, rompendo as resistências naturais e as oponências. Esse processo acompanha sempre o fazer-se da maturação, englobando acertos e erros. Se de fato pensarmos como espíritas, muito clara fica essa observação. Sendo a evolução, a progressão como disse Kardec, uma lei Universal, temos que vê-la em tudo, desde as transformações físicas individuais e planetárias até no campo ideológico, nos fatos do nosso dia-a-dia e naqueles que englobam coletividades. Algumas pessoas que estão iniciando nos estudos Espíritas imaginam que bastará a primeira leitura para ficarem livres de todos os seus defeitos. Ao verificarem na vida prática que não houve nenhuma mudança, desanimam e abandonam seu propósito inicial de se reformarem. Por isso, Santo Agostinho, em O Livro dos Espíritos, questão 919, já afirmava que “O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do melhoramento individual.” Segundo Emmanuel, esse esforço individual deve começar com o autodomínio, com a disciplina dos sentimentos egoísticos e inferiores, com o trabalho silencioso da criatura por exterminar as próprias paixões (O consolador, 15 ed., perg. 387, 230).

Não é tão simples nem tão divertido quanto um Big Brother. Mas o prêmio é muito melhor - espiritualmente falando.









Um comentário:

Zuleica disse...

Gostei dos seus comentários!Parabééns!
Um Grande Abraço e fique com Deus!