
Ao contrário de Kardec, Rhonda Byrne, uma australiana de 52 anos, afirma ter descoberto uma verdade preservada a sete chaves. Tal descoberta foi revelada no livro O Segredo, que já vendeu mais de 6 milhões de exemplares e apresenta máximas de auto-ajuda, otimismo e pensamento positivo, sendo seguidos por uma multidão de fãs. Mas nada disso é novidade, muito menos um “segredo”. Desde 1952, Norman Vicent Peale escreve sobre as benesses do pensamento positivo e, durante os últimos anos, a lista de autores do gênero só aumenta, desde o médico indiano Deepak Chopra até o brasileiro Lair Ribeiro.
Com a chamada contracultura nos anos 60 (comunidades alternativas, aumento do misticismo, discursos ecológicos), o assunto ganhou mais força. Com a queda gradual dos mitos e dogmas religiosos, embalados pelo avanço científico, o individualismo cresceu e a busca por respostas existenciais vai encontrar as propostas da New Age (Nova Era): um coquetel de espiritualidade, práticas terapêuticas, misticismo oriental e a fé no poder humano em contraponto à Fé em Deus. O Pensamento Positivo, neste prisma, vêm corroborar o materialismo consumista, virando sinônimo de conquista, posse. Para aproveitar este “gancho”, algumas igrejas neopentecostais afirmam que o fiel deve exigir de Deus a realização de seus desejos materiais, não se tratando de Pensamento Positivo, mas de fé. Na busca por respostas às suas dúvidas e seus sofrimentos, o ser humano se apega ao consumismo desenfreado, ligando sua felicidade à conquista de mais e mais bens materiais, como se fosse uma válvula de escape.
O Pensamento Positivo é visto com desconfiança pela ciência, pois não pode ser observado à luz dos conceitos científicos, muito embora tais conceitos sejam utilizados para validar as teorias de auto-ajuda, tal como energia e magnetismo. Não é de causar espanto, porém, que o Espiritismo se aproxime muito mais da realidade destes conceitos do que os autores de auto-ajuda. Para eles o magnetismo é a força utilizada pela mente para atrair o que se deseja. Para a ciência, magnetismo é a capacidade de materiais específicos se atraírem ou se repelirem. Esta teoria, à luz do Espiritismo, nos fornece a solução de um fato bem conhecido em magnetismo, mas inexplicado até hoje: o da mudança das propriedades da água, por obra da vontade. O Espírito atuante é o do magnetizador, quase sempre assistido por outro Espírito. Ele opera uma transmutação por meio do fluido magnético, substancia que mais se aproxima da matéria cósmica, ou elemento universal. Ora, desde que ele pode operar uma modificação nas propriedades da água, pode também produzir um fenômeno análogo com os fluidos do organismo, donde o efeito curativo da ação magnética, convenientemente dirigida. Sabemos o papel capital da vontade em todos os fenômenos do magnetismo. A vontade é atributo essencial do Espírito, isto é, do ser pensante. Com o auxilio dessa alavanca, ele atua sobre a matéria elementar e, por uma ação consecutiva, reage sobre seus compostos, cujas propriedades intimas vem assim a ficar transformadas.
Podemos dizer que vontade, aqui, funciona como Pensamento Positivo. Pois, como ensina o Espiritismo, sendo os fluidos o veiculo do pensamento, este atua sobre aqueles como o som atua sobre o ar; eles nos trazem o pensamento como o ar nos traz o som. Pode-se, pois, dizer, que há ondas nos fluidos e radiações no pensamento, que se cruzam sem se confundirem, como há, no ar, ondas e radiações sonoras. Assim, ao emitir uma idéia, passamos a refletir as que se lhe assemelham, idéia essa que para logo se corporifica com intensidade correspondente à nossa insistência em sustentá-la, mantendo-nos, assim, espontaneamente em comunicação com todos os que nos esposem o modo de sentir. O homem exerce ação direta sobre as coisas, assim como sobre as pessoas que o cercam. Um pensamento superior, fortemente pensado pode, pois, conforme a sua força e a sua elevação, tocar de perto ou de longe homens que nenhuma idéia fazem da maneira por que ele lhes chega, do mesmo modo que muitas vezes aquele que o emite não faz idéia do efeito produzido pela sua emissão (2).
Ou seja, enquanto os autores de auto-ajuda conquistam para si tudo o que prometem para seus leitores, engordando suas próprias contas bancárias, o Espiritismo segue no seu papel de Consolador, sem mistério nem segredo.
(1) O Evangelho Segundo o Espiritismo
(2) O Livro dos Médiuns
Um comentário:
Definitivamente o Espiritismo não comporta segredos.
E um dos sustentáculos dessa ausência de segredos é a comunicação clara, simples e consciente. Tanto em veículos de comunicação (jornais, revistas, rádio, televisão, livros etc.) quanto, e principalmente, nos centros espíritas.
Mas parece que o ser humano está sempre na expectativa de um "pulo do gato"...
Vamos em frente, que novos 40 anos surjam para o Correio Fraterno e outros veículos de comunicação, como também para todos nós que nos alimentamos de esperança por dias melhores... todos os dias!
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